
Sou teimoso;
Insisto em fabricar sonhos,
Mesmo sabendo que irão desfazer-se em fumo
Na palidez do crepúsculo outonal.
Meus sonhos, vejo-os naufragados
Qual barquinhos de papel , no torvelinho revolto
Das águas turvas do rio de lágrimas
Que brota de meus olhos marejados,
Brumosos, envelhecidos dessa espera inútil.
Tarde fria.
Um manto de tristezas antiqüíssimas
Desabou sobre mim, deixou-me assim:
Rainha destronada, humilhada, aniquilada
Diante deste imenso e suntuoso salão –
Antes fosse uma mulher do povo,
Mas feliz, amada
Diante de uma sala rústica.
Oliveira