sábado, 9 de agosto de 2008

Para dizer adeus



Da janela, vejo a tarde esvaindo-se em sangue . . .

Uma tristeza salpicada de púrpura

Encharca-me a alma . . .

Ah, triste como uma rua deserta na madrugada!

As rosas que enfeitavam o jardim de nosso amor

Feneceram,

O fogo da lareira que aquecia nossa paixão

Extinguiu-se;

Restam as cinzas de nossos propósitos,

A lembrança de nossas noites diante da lareira,

A nostalgia embalada ao sabor da música de Chopin

E uma saudade antecipada de quem fomos . . .

Partirei sem bater a porta

Para evitar o desgaste da despedida,

Para evitar as palavras vãs,

Para não lamentarmos os escombros de nosso amor . . .

Desculpa-me os erros,

Desculpa-me as faltas,

Desculpa-me se não soube o que fazer

Para acalentar teus anseios,

Desculpa-me pelas vezes em que me deixei levar

Pela correnteza do egoísmo,

Desculpa-me se não soube amar-te:

Lamento muito por nós dois,

Mas meu coração não se contenta com nada,

Meu coração não aprendeu nada . . .

Meu coração velho casarão sem portas nem janelas,

Meu coração catedral fechada,

Meu coração Saara ao meio-dia,

Meu coração terra de miragens,

Meu coração oásis no meio do nada,

Meu coração ave de arribação . . .

Desculpa-me as mágoas . . .

Vou para não voltar:

Meu destino é caminhar sempre sozinho . . .

Adeus! Adeus! Adeus! . . .


Oliveira