sábado, 16 de fevereiro de 2008

Folha de papel em branco




Desfolho a rosa do viver
Como quem arranca as folhas de um diário, uma a uma;
Cada pétala conta um pouco de minha vida;
Cada pétala leva consigo:
Um grito engasgado na garganta,
Um soluço sufocado diante da janela aberta para a rua deserta,
Uma mágoa acalentada na solidão das noites insones,
Uma saudade amarelada pelo tempo,
As cinzas do que restou de um coração partido,
O gosto amargo dos desenganos,
A cor gris dos sonhos desfeitos numa tarde vazia e sem fim . . .
Leva-as . . . Oh vento!
Leva-as como se fossem as folhas-mortas do outono,
Leva-as para as distantes terras do esquecimento . . .
Passa . . . Oh vento!
Passa e apaga tudo . . .
Quero passar a limpo minha vida,
Quero sentir-me como se fosse uma folha de papel em branco . . .
Uma folha de papel em branco sobre uma mesa qualquer,
Qualquer mesa, pouco importa . . .

Oliveira

2 comentários:

Anônimo disse...

Passada rápida, só pra conferir as novidades e deixar um oi de um amigo, sem tempo pra nada, gostaria de pedir uma poesia, gostaria de ler uma que fale sobre o tempo.

abraços.

Carolina de Castro disse...

Mais do que ser uma folha de papel em branco numa mesa qualquer.
Eu queria possiur uma borracha para tudo do passado poder apagar!!
Adorei este novo poema! Me identifiquei bastante.
Com a leveza da poética e a mensagem do final!
beijo grande
Carolina