terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Delírios nocturnos




Quantas palavras, tantas palavras
Cujo significado nos causam espanto;
Outras são carícias de seda chinesa
Sobre nossos corpos desnudos,
Transbordantes de sensualidade.
Nosso ninho de amor inundado
Com a avalanche de significados
Que elas suscitam:
Sonoridade de fontes que gorgorejam,
De canto de pássaros,
De sussurros de brisa que sopra
Segredos de cristais que brindam
O compartilhar de momentos felizes . . .

Pela janela aberta, sobre a cidade nocturna,
Uma infinidade de sons adentram
E dão-nos notícias de que, lá fora,
Apesar do aparente silêncio da hora-morta,
A vida pulsa numa convulsão incessante, contagiante . . .
O murmúrio das ondas chegam até nós
Como uma vaga impressão de gozo ao crepúsculo,
De contacto de nossos corpos sobre a areia branca . . .
Ao longe, o apito do trem desencadeia
Uma seqüência de imagens de paisagens capim-rosa-chá,
De pequenas povoações com suas casas coloridas,
De gente sentada nas calçadas,
De crianças com rechonchudas faces-maçãs,
De montanhas que se insinuam azuladas,
Na imprecisa distância,
De curvas que descortinam paisagens verde-marrom,
De casinhas brancas dentro de cercas
Que são desenhos feitos a lápis de cor . . .

Ah, meu amor, esqueçamos o lá fora,
Fujamos para o país dos sonhos,
Percorramos silenciosos os labirintos do esquecimento;
Ergamos nosso castelo de abandono
Num vale verdejante, rodeado de montanhas azuladas,
Onde a primavera é eterna,
Onde as águas em cascatas e cachoeiras
Cantam antigas cantigas de ninar
Para embalar nosso sonho de felicidade . . .

Oliveira

2 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns! Delírios nocturnos é lindo! Muito poético, muito "imaginético"! Eu gostei muito.

Lisbella

Carolina de Castro disse...

Qto mais eu leio, mais eu tenho vontade de escrever!!
Escrever é viver intensamente.
Sem grandes pretensões.
A única pretensão que me move é no final do dia, poder resumir as sensações que tenho!
Uma ótima semana!
Carolina